DESFECHO TRIUNFAL
Nesta sexta-feira, 22 de Julho, a 10ª edição da Aldeia Multiétnica terminou, após dias de intenso convívio e interação, com uma grande festividade comandada pelos Fulni-ô de Pernambuco
por Eduardo Carli de Moraes para o XVI Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros
Foram dias de convivência intensa e intercâmbios múltiplos, que propiciaram aos presentes a experiência direta da alteridade em todo o seu colorido e diversidade. Mas como tudo que é bom dura pouco, a 10ª edição da Aldeia Multiétnica terminou. Para fechá-la com um desfecho triunfal, os Fulni-ô comandaram uma grande festividade, que acabou numa celebração coletiva, reunindo as gentes num caldeirão no qual as diferenças se harmonizaram, emanando força e beleza.
Provenientes de Pernambuco, os Fulni-ô habitam próximos ao rio Ipanema, no município de Águas Belas. Os Fulni-ô são a única etnia originária do Nordeste brasileiro que logrou preservar sua língua materna, o Ia-tê. Um de seus rituais mais conhecidos é o Ouricuri (click e saiba mais detalhes). Uma curiosidade que poucos conhecem é que um dos maiores ídolos da história do futebol brasileiro descende da etnia Fulni-ô: Mané Garrincha.
As danças e cânticos sagrados dos Fulni-ô são dotados de uma rica musicalidade, com os cantos em coro e os ritmos percussivos intensos interagindo de modo orgânico e criativo, com belíssimos efeitos estéticos. Tanto é assim que eles já registraram sua música em CDs, alguns deles disponibilizados aos conviventes da Aldeia que se interessassem em adquirí-los. Vocês podem curtir, por exemplo, o álbum Cantando Com O Sol, do grupo Fethxa, lançado em 2002 e todo cantado no idioma Ia-tê.
Além da multiplicidade de artesanatos que trouxeram ao evento, os Fulni-ô também disponibilizaram aos interessados alguns instrumentos musicais (como chocalhos, maracás, simuladores de pios de pássaros). Além disso, vieram com muitas ervas medicinais e sementes curativas, que o público pôde conhecer e experimentar, e que revelam a magnitude dos saberes terapêuticos e botânicos deste povo que vive e resiste no sertão nordestino.
Após as festividades, que congregaram os presentes em grandes rodas de celebração e em danças itinerantes que passearam por toda a Aldeia, os Fulni-ô e seu séquito de entusiastas foram se refrescar com um banho de rio. Enquanto o Sol se punha, a Aldeia Multiétnica encerrava suas atividades em clima de empatia e união, num desfecho triunfal para estes dias de tão intensas trocas e vivências.
Fotos: Bruna Brandão