Conheça o videoclipe da canção “Morro Abaixo”, de Luiza Camilo e Iná Avessa, uma produção d’A Casa de Vidro Ponto de Cultura

Presente em Nascência, álbum de estréia da artista goiana Luiza Camilo, a canção “Morro Abaixo” conta com participação especial de Inà Avessa, MC em ascensão no cenário Hip Hop de Goiânia.

O video-clipe é uma produção do ponto de cultura A Casa de Vidro (www.acasadevidro.com), com filmagem e montagem por Eduardo Carli de Moraes, assistência e making of por Naihara Moraes.

O lançamento oficial aconteceu na Festa da Resistência Latinoamericana com shows de Adriel & Iná, n’A Casa de Vidro, durante a 3ª Jornada Goiana de Direitos Humanos, organizada pelo Comitê Goiano de Direitos Humanos ‘Dom Tomás Balduino’, em 14 de Dezembro de 2019.

O lirismo e a musicalidade ímpares da Camilo já lhe renderam o reconhecimento em festivais como Canta Cerrado, Canto da Primavera e Juriti – Festival de Música e Poesia Encenada. Neste último, por exemplo, Camilo foi a vencedora do 1º lugar, na terceira edição do Juriti no ano de 2013, por sua interpretação da obra de poesia encenada “Amanheçamos” (Fonte: https://bit.ly/2RZrgS6). Ela também integrou a banda Bandita Codá (assista, desta, ao clipe da canção “Destino”, também presente em Nascência). 

Convidamos a todos para que apreciem e disseminem o vídeoclipe oficial de “Morro Abaixo”, uma das mais belas canções do disco “Nascência”. A confluência entre Luiza Camilo e Iná Avessa, nesta canção emblemática do que de melhor tem nascido na cultura goiana, está em sintonia com outros trabalhos de protagonismo feminino que vem despontando e florescendo no cenário: AveEva (da dupla Paula de Paula e Flávia Carolina), Cocada CoralBanda MadáIngrid Lobo, Lorranna Santos, Coró Mulher, Retalha Vento, Luciana Clímaco, Nina Soldera e Banda Mundhumano e Meimundo, M’Bandi, dentre outros.

Este é o terceiro videoclipe produzido e publicado pel’A Casa de Vidro: antes vieram “Marginal Latina”, de Vitor Hugo Lemes (VH, O Escrivão) e Bergkamp Magalhães (acesse: https://www.youtube.com/watch?v=s2svqzGlXew), e “Peles Negras Máscaras Brancas”, de VH e Jordana Luz Negra (https://youtu.be/pwx-qGRtE_M).

“Morro Abaixo” nasceu da colaboração de muita gente que somou forças para atingir este resultado e que estão reconhecidas abaixo:

CRÉDITOS DA PRODUÇÃO MUSICAL:
Arranjo, bateria e guitarra – Ricardo de Pina
Trombone – André Luiz
Percussão – Diego Amaral
Trompete – Wellington Santana
Composição, voz e contra-baixo elétrico – Luiza Camilo
Voz e composição – Iná Avessa

CRÉDITOS DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL:

Câmera e Montagem – Eduardo Carli de Moraes
Fotografia e Making Of – Naihara de Moraes
Figuração e Assistência – Guilherme Eurípides, Afrodite Flow
“Performers” / Atrizes – Luiza Camilo e Iná Avessa

CRÉDITOS DA COMPOSIÇÃO:
Camilo / Iná

MORRO ABAIXO [Letra]:

É, ‘tá difícil respirar aqui
Tanta gente que não vê
o dia florir, a sorrir.

É, tanta tragédia acontece aqui
Muita gente foi embora.
E na TV ainda tem um tal de besteirol
Enganando a cabeça de quem acha
Que tudo vai bem.
‘Tá na hora de pensarmos mais além.

Os dias passam,
Tudo continua o mesmo.
Pessoas morrem,
Tudo continua o mesmo.
O lixo só aumenta
E continua igual. Continua igual.

(RAP – Iná Avessa MC)

O tempo do plantio é diferente do tempo da colheita. Sobrevoam duvidas suspeitas, espreitam, e vezes ganham atenção que desejam. Então não pense que eu estou parada. Isso não é um simulador, a vida é um tiro, eu ‘tô engatilhada, ando pensando, conhecendo a escola do caminho, algo que agora beira o não espera nada. Nada melhor que o não visto, nada melhor que o não quisto. O horizonte com firmeza é bem maior que o objetivo, a alma calma, o indivíduo o coletivo e o subjetivo. Então não pense que eu estou parada. Poesia marginal contra toda alienação, guerrilha verbal no país da alegria, onde impera a covardia, liberdade é utopia e no momento é ilusão. P’ros parça força nessa caminhada. Não deixe não.

E no jornal uma reportagem sensacional,
Acomoda a cabeça
De quem acha a norma normal,

Basta olhar e ver
Que o mundo vai bem mal.

Os anos passam,
Tudo continua o mesmo
Pessoas matam, mentem,
Tudo continua o mesmo.
O lixo só aumenta e continua igual.
Continua igual.

É hora de atenção, muito mais ação
Porque se não,
Felicidade vai virar ilusão.
Felicidade vai virar ilusão.
Felicidade vai virar ilusão.
Não deixe não.

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CLIPE DISPONÍVEL EM:
YouTube – https://youtu.be/VeLJb8die4E
Facebookhttps://www.facebook.com/blogacasadevidro/videos/759319991215726
Vimeo – https://vimeo.com/332085237
IGTV / Instagramhttps://www.instagram.com/tv/B6LpC9KnwNE/

SAIBA MAIS:

Site oficial: www.acasadevidro.com
Instagram: @acasadevidro_pontodecultura
Facebook: www.facebook.com/blogacasadevidro

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ÁLBUM DE FOTOS – MAKING OF e SCREENSHOTS

MULHERES COMPORTADAS NÃO FAZEM HISTÓRIA: Assista ao curta-metragem documental filmado no 8M Goiânia || “O feminismo é pra todo mundo.” Bell Hooks

“A Liberdade é uma luta constante.”
Angela Davis

“Eles combinaram de nos matar, mas nós combinamos de não morrer.”
Conceição Evaristo

“Quando Marielle Franco morreu”, diz a advogada e ativista Sara Macêdo Kali, “fizemos um compromisso de que seríamos semente”. Cerca de um ano após o assassinato da deputada do PSOL e seu motorista Anderson Gomes, tanto o 8M quanto o 14 de Março levaram às ruas do Brasil (e do mundo) a estrondosa e multidiversa voz destas coligações-de-sementes que garantem: Marielle vive, Marielle presente!

O Dia Internacional das Mulheres foi mobilizado não só pela memória de Marielle e pela demanda de justiça (afinal, apesar da prisão dos assassinos, a pergunta que não quer calar permanece: quem mandou matar, e porquê?), mas pela denúncia da opressão de gênero e pelos alarmantes índices de violência contra as mulheres: o Brasil registrou 60.018 casos de estupro em 2017, o que corresponde a uma média de 164 por dia, ou um a cada 10 minutos, segundo o 12º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Um estudo divulgado em novembro de 2018 pelo UNODC (Escritório das Nações Unidas para Crime e Drogas) mostra que a taxa de homicídios femininos global foi de 2,3 mortes para cada 100 mil mulheres em 2017. No Brasil, a taxa é de 4 mulheres mortas para cada grupo de 100 mil mulheres, ou seja, 74% superior à média mundial.

Diante de um cenário como este, agravado pelo empoderamento da extrema-direita misógina nas últimas eleições, fomos às ruas com as câmeras e microfones em sincronia e sintonia com esta ideia manifestada por Rosângela Aguiar, jornalista e ativista que integra o Jornal Metamorfose: “mulheres comportadas não fazem história!”

LEITURAS SUGERIDAS: ELIANE BRUM E JUAN ARIAS EM EL PAÍS; LAURA CARVALHO NA FOLHA DE S. PAULO; BLOG DO SAKAMOTO

“A semente de Marielle Franco vive em nós hoje e sempre”, dizia a faixa na vanguarda da marcha 8M aqui em Goiânia. Marcadas pela Mangueira, cujo desfile de carnaval, campeão na Sapucaí, havia honrado a memória de Marielles e Malês, celebrando também os ícones culturais (Lecis e Jamelões), as manifestantes botaram a boca no trombone.

“Ai ai ai, Bolsonaro é o carai!”, cantavam em alegre insurgência musical. A preocupação era geral com os alarmantes índices de homicídio. E na boca de todos se dava voz à indignação contra a Reforma da Previdência que o governo Bolsoasno e o Congresso dos 300 Picaretas com Anel de Doutor pretende ao nosso povo impor.

Eis aí o curta-metragem documental que rodamos nas ruas de Goiânia/GO em 08 de Março de 2019, durante o ato do Dia Internacional das Mulheres: “MULHERES COMPORTADAS NÃO FAZEM HISTÓRIA”, disponível em várias plataformas (Youtube, Vimeo, Facebook):

Um filme de Lays Vieira e Eduardo Carli de Moraes; uma co-produção Jornal Metamorfose e A Casa de Vidro. Entrevistas com Sara Macêdo Kali, Mariana Lopes, Rosângela Aguiar. Músicas por Larissa Luz, Tássia Reis, Samba-enredo da Paraíso do Tuiuti 2018, canção “Bella Ciao” versão #EleNão. Prestigie e apoie o jornalismo e o documentarismo independentes! Dissemine e divulgue o midiativismo de relevância!

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FOTOGRAFIAS – por Eduardo Carli e Érika Borba / Mídia Ninja

SOMOS SEMENTE! Lançado video-clipe oficial da canção “Peles Negras, Máscaras Brancas” de VH & Luz Negra

SOMOS SEMENTE!

Está no ar o video-clipe oficial da canção “Peles Negras, Máscaras Brancas” de VH (Vitor Hugo Lemes) e Jordana Luz Negra, com produção de Saggaz Beats. Um videoclipe de Eduardo Carli de Moraes, assistido por Ramon Ataide. Um lançamento A Casa de Vidro e Confluências: Festival de Artes Integradas. Com participações de Bergkamp Magalhães, A Jay Ajhota, Hugor Henrique, Gabriel Uri, Daniel da Silva. Assista já:

SAIBA MAIS:

“Peles Negras, Máscaras Brancas” é a quinta faixa da mixtape homônima, primeiro trabalho autoral do MC “VH”, que compõe o grupo Caseiro. Canção e mixtape foram inspiradas no primeiro livro de Franz Fanon, filósofo do séc. XX que debateu a fundo os temas da descolonização e da libertação dos povos oprimidos, tendo dialogado também com o existencialismo francês, mas é raramente lembrado nos círculos intelectuais das grandes academias mundo à fora senão por aqueles que têm um interesse genuíno por essas questões.

Este trabalho de VH & Luz Negra leva em seu cerne a proposta de discutir temas como o racismo, a resistência e a marginalidade, tanto no âmbito das expressões culturais como na perspectiva da construção dos saberes. Saberes esses tantas vezes reprimidos por uma estrutura colonizadora, eurocêntrica e imperialista, que de certo modo buscou sempre legitimar a hegemonia branca numa sociedade construída pela pluralidade, mas nunca em prol desta. Nesse sentido, a chamada Expressão Negra se viu forçada a sucumbir cada vez mais ao “embranquecimento” e as “máscaras” não eram outras senão um modo de ser aceito, um meio de sobrevivência, numa estrutura que exclui e assassina estéticas e modos-de-existência que incomodam.

Por outro lado, houve sempre a resistência, uma resistência que de modo algum se separa da vida e da própria existência do povo preto. Da cultura da oralidade às expressões culturais e religiosas, “pretos e pretas fazem da arte a sua trincheira”. Ou seja, o Samba, o Funk, o Rap, o Jazz e tantos outros estilos cumprem uma função maior que a meramente estética, ainda que esta seja inquestionável: além disso, propagam a vida, a existência e o grito daqueles que nunca puderam ser ouvidos.

O vídeo-clipe, apostando na confluência das diferentes linguagens artísticas, visa recuperar o radicalismo originário do Movimento Hip Hop, que une as expressões do MC, do DJ, do breakdancer e do grafiteiro, tendo o Conhecimento como o “quinto elemento”, na expressão de Afrika Bambaata, que dá liga a tudo.

Filmado em lugares representativos da capital de Goiás, o petardo audiovisual convida à ocupação criativa e ousada dos espaços públicos, registra intervenções diretas no cenário urbano e re-significa de modo crítico alguns dos monumentos da cidade, como a Estátua ao Bandeirante Anhanguera e o Monumento das Três Raças da Praça Cívica.

Além disso, coloca os artistas em interação com grafites, pixos e outras irrupções artísticas no cenário goianiense, com destaque para um mural em homenagem a Marielle Franco, símbolo da luta interseccional por direitos humanos para mulheres, negros e LGBTs, brutalmente assassinada no Rio de Janeiro por denunciar os descaminhos da Intervenção Militar, mulher-guerreira cuja morte, em Março de 2018, comoveu o Brasil e o mundo, merecendo aqui ser rememorada e ter a potência de sua vida resistente re-ativada.

Tentaram nos enterrar, mas não sabiam que éramos semente!

Suba o volume, abra bem os olhos, dê o play e boa viagem!

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FICHA TÉCNICA:

Participantes: VH & Luz Negra
Instrumental / Mix / Master: Saggaz Beats
Captação: Estúdio NEO Pub
Colagens: Allan da Rosa & Provocações (o bloco do negro)
Audiovisual: Eduardo Carli de Moraes
Assistente de Produção: Ramon Ataide
Elenco: Luz Negra, A Jay Ajhota, Bergkamp Magalhães, Hugor Henrique, Gabriel Uri, Dam Caseiro e VH.
Poesia citada no clipe: “Ações afirmativas” de Paulo Manoel

Contato: caseirorapgyn@gmail.com #pelenegramascarasbrancas #vh

Um agradecimento especial a todos os envolvidos!

ASSISTA JÁ: https://goo.gl/SnHahi.

LETRA – Por Vitor Hugo Lemes

Máscaras brancas em peles negras
Pretos e pretas
Fazem da arte sua trincheira
O Rio Vermelho num é só em Matrinchã
Se duas das três raças descem à praça
O bandeirante leva péia.
Na santa ceia das acusações
Coronéis e capatazes inda tem suas funções
Na política e nos batalhões
Inda há brasões, inda a brasa
Que acendem essas fogueiras da inquisição
Do genocídio de milhões, nas invasões
Senhores de engenho e sinhás lucraram milhões
Minha ancestralidade é nunca ser Camões
Contra os canhões meu povo investiu com as próprias mãos
Negro igual Machado de Assis ou de Xangô
Dom Casmurro, com as mãos, com os murro, o beat eu surro
E vou mostra pra vocês o que é que rap sujo
Sou livre, me aflige chamar porcos de ‘sinhô’.

Peles Negras, Máscaras Brancas
Se eu li os franceses onde Franz Fanon tá?
No alto escalão são mais caras brancas
Meus irmão são preto e nós vamo tomar

Velhos decrépitos da colonial aristocracia caduca
Caminham tranquilamente pelas ruas do centro.
Oeste à dentro madames tão à vontade em meio a art déco
que aos anos 50 já era declínio.
A estátua de um implacável genocida escravocrata
Segue intacta no ponto alto da cidade.
‘Diabo velho’ atrás de ouro e prata. (A prata foi com os frades)
Hoje herói, mas não mais.
São rude boys, marginais
Que resgatam dos destroços do tempo
O genocídio, os assassinatos e o holocausto
De todos os dias em becos e esquinas.
Caminhando sob o sol ardente, ou fumando sentados,
escrevem na torrente “3”
e esperam outra vez o serviço inacabado.
O velho preconceito nada velado dos velhos que
Quando não encaram, faltam quase cruzar a rua pelo outro lado.
E o caso é que há sempre espaço pro novo,
contesta-se o consolidado, como Belchior,
tomemos de assalto seus palcos montados para outras intervenções.
Chega de óbitos dos nossos. (Cadê o Sabotinha?)
Numa utopia de moldes distópicos alguém sonhou
Com um escritor negro, vagando pelas ruas da cidade,
um cigarro nos dedos e um sorriso doentio nos lábios.
Escrevendo versos sádicos, sádicos…

VEJA TAMBÉM:

MARGINAL LATINA

CONFLUÊNCIAS: Festival de Artes Integradas, 3ª Edição: Domingo, 02 de Abril, na Trip

Vem aí o Confluências: Festival de Artes Integradas, 3ª edição, chegando para unir as tribos e somar as vertentes artísticas em um mesmo caldeirão efervescente! Neste Domingão (02 de Abril), lá na Trip (Rua 115e, Setor Sul), teremos vários MCs mostrando toda a força do rap de Goiânia em shows com Tati Ribeiro, A Jay Ajhota e Subversão Feminista.

Vai rolar também uma exposição com algumas das melhores ilustrações de Heitor Vilela, da Rabiscos e Escarros, além de roda-de-prosa com o artista. Vão rolar ainda intervenções poéticas com Walacy Neto, William Trapo, Ma Ha (Siririca Poética), Goitacá Escafandrista, Kesley Rocha Dias. Complementando as artes visuais, teremos o Vinícius Yano grafitando a entrada da Trip. Além disso, discotecagens timbradas com os DJs Bruno Vieira Batista (Caveira) e Eduardo Carli de Moraes.

Não perca!

Abertura da casa: 16h. Ingresso: R$ 10. Conflua!

Endereço: Rua 115e, Setor Sul.

CONFLUÊNCIAS é uma produção d’A Casa de Vidro


Design gráfico e identidade visual: Annie Marques.

Página do evento: https://www.facebook.com/events/277267286060351/


APERITIVOS:

Ilustração: Heitor Vilela. Acesse o álbum completo.


A JAY A JHOTA
Ep de Estréia


DJ BRUNO CAVEIRA




TATI RIBEIRO




RELEMBRE: Vídeos das primeiras edições do Confluências

POLIFONIA DE PINDORAMA – FEVEREIRO/2016: Coletânea de Música Brasileira rumo ao Bloco do Evoé!

Janis in Rio

O dia em que Janis Joplin (1943-1970) caiu no samba: desfile de carnaval do Rio, fevereiro de 1970. Janis foi ciceroneada na Cidade Maravilhosa pelo fotógrafo Ricky Ferreira e pelo cantor Serguei. Fez um obscuro show num inferninho de Copacabana, foi expulsa de um hotel e quase foi presa na praia por fazer topless. Em outubro daquele ano, Janis Joplin morreu aos 27 anos.

 

Na coletânea de música brasileira deste mês (ouça a de Janeiro!), propiciamos mais uma travessia sonora por algumas pérolas de nossa música popular. Tem excelentes cantoras homenageando grandes compositores (Cássia Eller canta Chico Buarque, Clara Nunes manda um Paulinho da Viola). Tem Jackson do Pandeiro hibridizando os gêneros musicais e tirando onda com o Tio Sam. Tem Dorival Caymmi, sincopado e dengoso, ritmando os encantos da nega baiana. Tem João Nogueira profetizando a vitória das forças da natureza sobre as ruínas da civilização. Relembro também uma canção épica de Paulo Vanzolini, cuja narrativa poética tem um certo sabor de Cabral de Melo Neto em Morte e Vida Severina, e um chamado à luta de Gonzaguinha (“Eu acredito é na rapaziada que segue em frente e segura o rojão / Eu ponho fé é na fé da moçada que não foge da fera, enfrenta o leão / Eu vou à luta com essa juventude que não corre da raia a troco de nada / Eu vou no bloco dessa mocidade que não tá na saudade e constrói a manhã desejada”).

Dentre os contemporâneos, compartilho o groove denso e ousado do Aláfia, que realizou em “Preto Cismado” um manifesto anti-racista que está entre as melhores músicas lançadas em 2015 e que afirma em seu memorável refrão: “Não posso acreditar num deus que feche com a segregação!” Dentre as instrumentais, destaco duas composições de Pixinguinha, em lépidas performances de Altamiro Carrilho & Carlos Poyares, e duas incursões de Quincy Jones num mélange de bossa nova com jazz ao estilo big band. Tem ainda o Geraldo Babão contando vantagem sobre sua viola (que é de madeira-de-lei, num é qualquer qualidade de pau!), além de uma panorâmica do duelo entre Wilson Batista e Noel Rosa, que trocaram rajadas de sambas como se estivessem numa briga de faroeste (destaco quatro destas canções, na interpretação de Jorge Veiga e Roberto Paiva, intercaladas como rajadas de balas). Subam o volume e apreciem sem moderação!

Carli, 08/02/16

OUÇA JÁ ou FAÇA O DOWNLOAD

Eis o cardápio:

01) Jackson do Pandeiro, “Chiclete com Banana”
02) Dorival Caymmi, “O Dengo Que A Nega Tem”
03) João Nogueira, “As Forças da Natureza”
04) Altamiro Carrilho & Carlos Poyares, “Recordações” e “A Vida é um Buraco” (de Pixinguinha)
05) Cássia Eller canta Chico Buarque, “Partido Alto” (Acústico MTV)
06) Aláfia, “Preto Cismado”
07) Gonzaguinha, “E Vamos à Luta”
08) Paulo Vanzolini, “Capoeira do Arnaldo”
09) Quincy Jones e a Bossa Nova, “Desafinado” e “Samba de uma Nota Só”
10) Clara Nunes canta Paulinho da Viola, “Coração Leviano”
11) Geraldo Babão, “Viola de Massaranduba”
12) Duelo Noel Rosa vs Wilson Batista:

  • Jorge Veiga canta “Frankenstein” (W. Batista)
  • Roberto Paiva canta “Vitória” (N. Rosa)
  • Jorge Veiga canta “Mocinho da Vila” (W. Batista)
  • Roberto Paiva canta “Palpite Infeliz” (N. Rosa)

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    FAZER DOWNLOAD GRATUITO DO ÁLBUM COMPLETO
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P.S. – Nesta terça-feira de carnaval, 09/02, a partir das 17 horas, estarei discotecando estas e outras canções – só as brazuquices-brasa! – em um dos espaços culturais mais bacanas de Goiânia, a Evoé Café Com Livros (Rua 91, Setor Sul). O show ficará a cargo do quarteto Diabo à Quatro: excelentes instrumentistas que vão apresentar o melhor do choro e do samba em primorosas versões instrumentais. Bóra lá?

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Bloco do Evoé [Página do Evento]

Vem aí, em Goiânia: Márcia Tiburi falando sobre “FILOSOFIA, FEMINISMO E POLÍTICA” @ “Filosofia no Centro”: No próximo Sábado, 27 de Junho, no Cine Ouro [CLICK e SAIBA MAIS]

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“FILOSOFIA, FEMINISMO E POLÍTICA”
MÁRCIA TIBURI no FILOSOFIA NO CENTRO #6
Goiânia / Go – 27 de Junho – Cine Ouro – 18h40

MOSTRA PÚBLICA DE PESQUISAS DA FACULDADE DE FILOSOFIA DA UFG

O encontro foi elaborado em vista da atual discussão sobre Filosofia, Feminismo e Política.

A relação entre Filosofia e Feminismo não é historicamente inusitada. Desde as campanhas sufragistas do século XIX, seu auge ocorreu na década de 1960, com o surgimento de verdadeiros ícones que se tornaram referência internacional na luta pela emancipação das mulheres, tais como Simone de Beauvoir e Angela Davis, e a belga Luce Irigaray com maior radicalidade. Recentemente, a estaduniense Judith Butler tem elevado a discussão a outro patamar ao elaborar noções importantes para os estudos culturais e de gênero, como a de corpos abjetos. Admitindo tratar-se de uma “contradição performativa”, Butler insere os feminismos mais tradicionais na esfera da alteridade não reconhecida, não nomeada e existente apenas pela negatividade que a caracteriza como uma das dobras de um leque maior: a dos excluídos. Como excluídos, os corpos abjetos, mais do que serem objetos da indiferença, teoricamente ignorados e irrefletidos, passam a ser inseridos em um novo domínio ontológico e discursivo.

Ao serem reconhecidos como excluídos, torna-se então possível a ação política, inseparável de seus pressupostos filosóficos.

Márcia Tiburi, filósofa e escritora, tem se ocupado desta relação há muitos anos, seja na organização de eventos em Universidades, na publicação de coletâneas de artigos e livros, na pesquisa científico- acadêmica, e, mais recentemente, ao iniciar a discussão sobre a formação de um partido político feminista: o PartidA.

Nosso diálogo com Márcia Tiburi será formado por perguntas elaboradas por professoras da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás – UFG, a fim de motivar uma discussão maior com o público presente.

Convidamos a tod@s para este evento de imprescindível interesse acadêmico e público.”

PÁGINA DO EVENTO NO FACEBOOK

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Sobre o Projeto Filosofia no Centro:

“Em certas ocasiões, é importante servir ao público aquilo que ele já deseja. Em outras, porém, é necessário mostrar a existência de algo que esse mesmo público talvez não suspeitasse que também poderia desejar. A cidade de Goiânia já conta com cafés filosóficos e ciclos de palestras abertas, que discutem temas solicitados pela vida cotidiana nas sociedades contemporâneas. Todavia, ainda restava vazio um espaço no qual a filosofia comparecesse, não tanto para atender a tais solicitações, mas principalmente para apresentar-se como atividade de pesquisa, para mostrar-se em seus modos de produção e, nessa medida, colocar a si própria no centro da atividade. É no intuito de dar início à ocupação desse espaço que pesquisadores, docentes e convidados da Faculdade de Filosofia da UFG vêm ao centro da cidade, ao Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, para mostrar “o que fazemos, como fazemos e por que fazemos”. Oferta-se, assim, à sociedade goianiense um espaço público e gratuito de contato com a produção filosófica acadêmica, no qual, equilibrando o rigor e a seriedade com a acessibilidade exigida por uma situação pública, é dada a palavra a especialistas cujo trabalho vai muito além da mera retransmissão de um saber já constituído, porque, com suas pesquisas, originam novos conhecimentos através do incontornável diálogo com a tradição filosófica e sua história. E por ocorrerem na sala de cinema do Goiânia Ouro, as exposições poderão contar com recursos didáticos audiovisuais, desde a exibição de filmes completos até a simples projeção de textos filosóficos a serem analisados e comentados. Aproximando Universidade e Sociedade, esta mostra permanente de pesquisas filosóficas de excelência procura evidenciar que o refinamento da cultura e da civilização na região do Brasil central, bem como a defesa de que este centro geográfico não seja tratado como periférico em outros sentidos, são tarefas impossíveis sem que se retire o trabalho em filosofia da condição lateral de “serviço ancilar” para situá-lo, corretamente, no centro de uma visão de mundo que se queira ampla e cosmopolita de verdade. Sem que se coloque a filosofia no centro, perde-se, de imediato, a possibilidade da radical ampliação dos horizontes do pensamento, que se torna incapaz de pensar um universo infinito. E apenas em um universo infinito o centro estará em todas as partes.”

Marcia Tiburi