ESCOLAS DE LUTA: O livro que conta a história das ocupações dos secundaristas em São Paulo, 2015

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ESCOLAS DE LUTA

por Antonia M. Campos, Jonas Medeiros, Márcio M. Ribeiro

COLEÇÃO BADERNA – EDITORA VENETA – 2016
http://www.lojaveneta.com.br/produtos/escolas-de-luta/

APRESENTAÇÃO OFICIAL DO LIVRO: No final do ano de 2015, surgiu um movimento social sem precedentes na história brasileira, tanto por sua dimensão quanto por suas táticas, quando mais de 200 escolas públicas estaduais de São Paulo foram ocupadas pelos seus alunos. Eles lutavam contra o plano do governo de fechar 94 escolas inteiras e centenas de turmas, realocando estudantes e superlotando salas. O caso das primeiras escolas ocupadas causou pânico das autoridades, que reagiram com ameaças e violência, mas foi impossível conter o movimento e o numero de ocupações cresceu em uma velocidade impressionante: Zona Leste, Norte e Sul da Capital, Jandira, Mauá, Osasco, Ribeirão Pires, Santo André, Campinas, Franca, Santa Cruz das Palmeiras, Bauru, Jundiaí…. de repente havia escolas ocupadas por todo o Estado, do interior ao litoral, dos centros às periferias. A Polícia Militar foi chamada por diretores desesperados e diversos casos de violência e sabotagem contra os estudantes foram registrados. Mas junto com a repressão também veio a solidariedade dos pais, de professores, das comunidades, de artistas, de toda a sociedade. Os estudantes paulistas foram vitoriosos – forçaram o governador a recuar, suspendendo o projeto de “reorganização escolar”, e derrubaram o secretário de educação – e, logo em seguida, a mesma tática começou a ser utilizada por estudantes de outros estados na luta pela educação pública de qualidade. Este livro é uma tentativa de reconstruir a luta contra a “reorganização” da perspectiva deles e delas.

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‘Escolas de luta’: o livro que conta a história das ocupações dos secundaristas em SP
por Débora Lopes para a Vice

Se houve alguém que riscou o fósforo e incendiou o debate sobre educação pública brasileira nas últimas décadas foram os estudantes secundaristas de São Paulo durante o segundo semestre de 2015. A pressão feita por eles com as ocupações das escolas estaduais fez com que o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) retrocedesse no plano de reorganização que pretendia cumprir, fechando unidades e transferindo alunos arbitrariamente. A luta se estendeu pelo Brasil. Exitosa, a primeira experiência política de boa parte dessa meninada serve como mote do livro Escolas de Luta, da editora Veneta (compre na Estante Virtual).

A publicação, que já se encontra nas livrarias, é assinada pelo trio acadêmico formado por Antonia M. Campos, mestre em sociologia pela Unicamp; Jonas Medeiros, doutorando em educação pela Unicamp e pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento); e Márcio M. Ribeiro, professor do bacharelado em sistemas de informação na EACH/USP e membro do GPoPAI (Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de Acesso à Informação).

Na época, ainda sem a pretensão de fazer um livro, Antonia e Jonas passaram a frequentar as ocupações e entrevistar os estudantes a fim de registrar e coletar dados. “Quando um evento histórico pega os cientistas sociais de surpresa, não há tempo de ir a campo enquanto aquilo existe. E depois ficamos todos correndo atrás do prejuízo para reconstruir empiricamente determinados processos”, pondera Antonia. Na sequência, Márcio, que já possuía experiência de militância autônoma e em ocupações, se juntou à dupla.

Antonia delimita um ângulo essencial que desencadeou nas escolas ocupadas e foi pouco – ou quase nada –­ explorado pela imprensa. “Muita gente acha que as ocupações foram as primeiras medidas tomadas pelos estudantes contra a ‘reorganização’, mas, na realidade, elas foram uma última medida, quase de desespero, mas deu muito certo”, pontua a socióloga. “Antes disso eles tinham tentando de tudo, desde atos de rua até apelos ao secretário, a vereadores e aos dirigentes regionais de ensino.” A VICE, inclusive, esteve em um dos protestos organizado pelos secundaristas, que terminou com carros apedrejados e bombas de gás lacrimogêneo arremessadas pela Polícia Militar (PM) em frente ao Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, sede administrativa do governo Alckmin.

O trio de pesquisadores teve como objetivo alcançar as escolas ocupadas na periferia e na Grande São Paulo, já que o foco da imprensa eram as unidades localizadas na região central. As reações dos alunos, conta Antonia, eram das mais diversas. Em alguns momentos de desconfiança, as entrevistas foram realizadas na calçada. Já outros estudantes convidavam os pesquisadores para almoçar e fazer tours pelas ocupações.

“Ficamos impressionados tanto com a convicção no discurso quanto com a resistência na prática”, rememora a pesquisadora, que viu os jovens se organizando em comissões de limpeza, comunicação e segurança. Nas escolas, não havia hierarquia. Não havia um movimento estudantil sólido ou partidário por trás do planejamento dos próprios alunos. Cada um cumpria com suas funções. “Uma força assim, considerando que se tratou da primeira experiência de luta de muitos ali, só pode vir da concretude daquela indignação. Não foi uma indignação que veio de fora, trazida por uma ideia abstrata de educação pública, foi uma revolta que nasceu da vida escolar daqueles sujeitos, a partir dos problemas vividos ali.”

Escolas de Luta é recheado de histórias, depoimentos, informações e reproduções do que alguns veículos publicaram na época. “Não há pretensões acadêmicas ou grandes interpretações, é um livro que tenta reconstruir um processo do ponto de vista dos estudantes, com o objetivo de registrar e potencializar suas vozes”, define a socióloga.

A publicação traz a curadoria de imagens do fotojornalista Jardiel Carvalho, integrante do R.U.A Foto Coletivo e colaborador frequente da VICE. As fotos que aparecem nesta matéria estão no livro e já haviam sido publicadas por aqui. Já a imagem que ilustra a capa do livro é do fotógrafo Sérgio Silva.

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ASSISTA:

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ACABOU A PAZ
de Carlos Pronzato

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“Alguns alunos passam de ano,
outros passam à História…”

A onda de ocupações que dissemina-se pelo país afora em Outubro de 2016 talvez seja inédita na História – não só do Brasil, mas do mundo. Já houve algum país neste planeta que tivesse passado por um movimento Ocupista desta magnitude? No Chile, no auge da mobilização estudantil de 2011, o placar atingiu cerca de 600 escolas ocupadas; o Brasil têm condições plenas de, nos próximos dias, dobrar esta meta: estamos à caminho de 1.200 ocupas. A profecia que muitos manifestantes em Goiânia tem bradado nas ruas – “acabou a paz, isso daqui vai virar o Chile!” – já é realidade. Agora o movimento em prol da educação pública têm, no Brasil, uma oportunidade histórica de checar, na prática, a potência transformadora e emancipatória da tática das ocupações, tão em voga desde o Occupy Wall Street e das praças públicas tomadas pelas insurreições da Primavera Árabe. Avante, galera, até a derrubada da PEC 241, da (D)eforma do Ensino Médio via MP e do próprio (des)governo de Michel Temer! (Carli, 22 10 16)

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Veja também: Vídeo da manifestação em Goiânia no último dia 18-10 >>> https://www.facebook.com/blogacasadevidro/videos/1586578498035136/

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Ponto de cultura em Goiânia. Plugando consciências no amplificador. Encabeçado por Eduardo Carli de Moraes, professor de Filosofia no (IFG). Jornalista e Documentarista independente.

Um pensamento sobre “ESCOLAS DE LUTA: O livro que conta a história das ocupações dos secundaristas em São Paulo, 2015

  1. Luiz Müller disse:

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