A MORTE DO GLAMOUR NA RUA DO CREPÚSCULO – Explorações sobre o clássico filme de Billy Wilder, “Sunset Boulevard – Crepúsculo dos Deuses” (1950)

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“Prédios vão se erguer
E o glamour vai colher
Corpos na multidão.”

CRIOLO. Casa de Papelão.
Do álbum Convoque Seu Buda, 2014.

Avançando pela rua do crepúsculo, envolvida por um brilho de empréstimo, roubando luz de seu passado, Norma Desmond tece – com a ajuda de seus cúmplices e serviçais – um véu de Maya diante dos próprios olhos.

O cinema já produziu inúmeros filmes em que o próprio cinema está em questão, mas poucos são tão magistrais e sublimes quanto Sunset Boulevard – Crepúsculo dos Deuses, uma das obras-primas de Billy Wilder.

É um filme sobre filmes, em especial sobre como a megaindústria Hollywoodiana funciona e como influi nas vidas de cineastas, escritores, atores, produtores, magnatas e escroques de toda estirpe. Sem sinal do kitsch costumeiro nos filmes comerciais de Hollywood, Billy Wilder fez em Sunset Boulevard um de seus filmes mais dark e Hitchcockescos.

É também, parece-me, o inaugurador de um subgênero, que eu chamaria de cinema metalinguístico, que tem entre seus clássicos Oito e Meio, de Fellini (1963),  A Noite Americana, de François Truffaut (1973), A Rosa Púrpura do Cairo, de Woody Allen (1985), O Jogador, de Robert Altman (1992), Mulholland Drive – Cidade dos Sonhos, de David Lynch (2001), dentre outros.

O pai de todos os grandes filmes-sobre-o-cinema talvez seja esta obra de 1950 – que eu preferiria que se chamasse Crepúsculo dos Ídolos (e não Dos Deuses) – em que Wilder cria este inesquecível retrato das transformações radicais vivenciadas por uma celebridade da indústria cinematográfica, encarnada pela expressiva Gloria Swanson, atriz que sabe muito bem abraçar a insânia quase trágica, Lady Macbethiana, desta star do showbizz, Norma Desmond, retratada décadas depois de seu auge glorioso.

Como uma aranha, esta estrela caída, que há muito já não brilha nas telonas, tece uma Matrix diante de si onde seu ego continua no trono máximo. É o mito de Narciso que renasce: esta mulher vive rodeada por imagens de si mesma, prisioneira na Caverna do egocentrismo exacerbado, o que revela-se claramente tanto pelo excesso de fotos de si mesma com as quais ela abarrota com porta-retratos incalculáveis sua vasta casa, quanto por seu cinema doméstico, onde ela só assiste aos filmes em que ela própria aparece. Os limites estreitos de seu mundo parecem limitar-se a uma mansão que não passa de um gigantesco labirinto cujas paredes e chão e tetos são constituído inteiramente de espelhos.

 Billy Wilder soube retratar de modo genial todo um jogo de ilusionismo, aliás bastante próprio ao cinema como arte, que acaba transcendendo os domínios estéticos e transbordando para a existência daqueles que envolvem suas vidas demasiadamente com as engrenagens impiedosas de uma indústria do entretenimento que soube, por exemplo, conduzir Marilyn Monroe a seu suicídio e fez com que James Dean (outrora) e Heath Ledger (recentemente) se auto-aniquilassem ainda na juventude.

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Salomé com a cabeça de João Batista em uma bandeja, obra de Caravaggio (1607)

Em Sunset Boulevard, o drama da atriz decaída em sua fama atinge alturas míticas: estamos diante de uma nova Salomé. As relações de amor de Norma Desmond, longe de possibilitarem o desabrochar das jovialidades e dos deleites que preenchem as comédias alegres de Wilder como Sabrina ou Love in The Afternoon, são matéria digna de Shakespeare ou Shelley. Norma Desmond tem poder demais em suas mãos, até mesmo pelo capital que concentra e mobiliza, para que esta mulher seja banal e sem consequências – pelo contrário, ela não somente quer ser gente importante, como também sua conduta e suas práticas tem quase sempre como télos uma ambição desmesurada, uma fome de glamour que é devoradora.

Há nela algo de vampira, mas não é exatamente uma personagem vilanesca caricatural, já que Wilder sabe também mostrar a humanidade de uma mulher frágil, insegura, com fome de amor, perdida em suas reminiscências de uma glória que em seu presente queima em fogo baixo, mas que ela está disposta a re-incendiar.

O véu de Maya de sua Matrix mulheril é a miragem de fama continuada que serve para acalentar um pouco a desolação daquela mansão. Ser milionária é tão triste que ela traz os pulsos marcados por várias tentativas de suicídio. Em sua primeira visita, o visitante surpreende-se com os ritos fúnebres de um macaco: Norma Desmond estava em luto após a morte de seu pet primata. Diante disso, o visitante – que se tornará, é claro, roteirista-ajudante e logo amante-serviçal – pergunta-se melancólico e assombrado: será que a vida desta mulher é assim tão vazia que ela tenha que investir tanto afeto em um macaco, a ponto dela ir toda solene enterrá-lo com pompas fúnebres Bergmanianas?

Sim: no clássico de Billy Wilder, Sunset Boulevard, Hollywood é uma terra impiedosa com aqueles que já deixaram para trás seus 15 minutos (ou no máximo 15 anos) de fama. A protagonista vive o pesadelo do pop, para lembrar uma expressão de Marcelo D2. Ou melhor, ela vive o melodrama da perda da aura: deixou de ser pop, mas quer intensamente continuar a crer em seu renascimento como estrela, em um sonhado futuro re-brilhante no pop stardom. Rodeada por fotos de sua juventude, assistindo seus filmes em replay, tem fome de uma glória reencontrada, o que é a motivação para seus atos profundamente egocentrados.

Narciso de saias, esta atriz sedenta por holofotes e um tanto rejeitada pelo sistema (que quer as novinhas e despreza as envelhecidas), transformada em figura excêntrica demais para o gosto da indústria do entretenimento normalóide, Norma Desmond vai seguindo o declive que conduz o filme a profundezas dignas de Bergman ou Tarkovsky. Apesar de seus momentos de novelão melodramático mexicano, Sunset Boulevard é de um impacto equiparável ao de O Sétimo Selo ou A Infância de Ivan.

Norma acaba por ser uma encarnação hollywoodiana da lendária Salomé, símbolo de uma feminidade traída que acaba demandando a cabeça na bandeja ou o cadáver boiando na piscina daquele que ousou rasgar o tecido precioso da ilusão romântica. Se ela investe (afeto e dinheiro) às mancheias em seu escritor de estimação, é um pouco com a atitude mandona e megera de quem acha que a grana compra tudo. Mas descobre que o capital não compra fama eterna assim de forma tão fácil e mecânica quanto os capitalistas desejariam. Fama efêmera, capital impotente.

Esta estrela de Hollywood olha para os astros da noite murmurando: the stars are ageless (“as estrelas não envelhecem”). Mas descobre amargamente que a condição humana não comporta escapatórias: é rua de mão-única, da maternidade ao cemitério, e envelhecer é destino inelutável para aqueles que desejam seguir vivendo até encontrarem seu crepúsculo natural.

Tudo passa, até a glória.

E isso descobrem muitos dos que tornaram-se gloriosos muito cedo, de Marilyn Monroe a Kurt Cobain. Sempre me impressionou o fato de que os famosos muitas vezes acabam suicidados: é como se batessem suas cabeças até o coma cerebral contra o labirinto de espelhos onde vivem. Norma Desmond deseja as câmeras, os holofotes, as atenções, mas quer mais: deseja ser regida pelos maiores, estar em relações com os grandes criadores, de modo que investe esperanças no plano de ser estrela de um novo épico de Cecil B. De Mille. Grandes planos, imensos tombos.

No fim das contas, quando seu plano mirabolante mostra-se vão e esfacela-se no chão, como castelo de areia à beira da praia que era, aí então destrava a psicose, aflora a fúria de Salomé, ela pega um atalho para outro tipo de fama. Melhor alguma fama do que fama nenhuma. Ainda que seja a fama dos loucos, dos assassinos, dos pinéus, dos que colapsaram, dos que perderam as estribeiras e cometeram o irremediável.

São raros os momentos da história do cinema onde uma obra-de-arte chega ao grau de reflexão profunda sobre a loucura que Billy Wilder conseguiu realizar no desfecho inolvidável de Crepúsculo dos Ídolos. Um filme que acaba possibilitando um diálogo com a obra de um Artaud, um Nietzsche ou um Van Gogh. Se algum Foucaultiano um dia tivesse a ideia de mapear uma História da Loucura no Cinema, Norma Desmond teria que aparecer em uma tribuna de honra. Pois esta personagem tem a mistura de comédia e tragédia, de esperança grandiosa e fragilidade emocional, que marcou tantos dos maiores e mais atormentados artistas da história…

Wilder aproveita também para satirizar – como já havia feito de modo brilhante em The Front Page – uma indústria cultural e uma mídia de entretenimento que usam as estrelas como se fossem absorventes, estes que depois da menstruação delem ser logo lançados no lixo. Depois do spotlight, o olvido. A fila anda. Mais recentemente, Kurt Cobain e Courtney Love – casal trágico e desajustado, deveras, mas que também eram capazes de intensa empatia e conexão – souberam satirizar toda esta cultura hegemônica do “use once and destroy”. 

O que me leva a pensar que a colonização que o capitalismo opera sobre a indústria do cinema gera fenômenos como as estrelas descartáveis, usadas em sua juventude para adornar os filmes com belos rostinhos, e cujas vidas pessoais podem ser investigadas de modo impiedoso pelo comércio de fofocas e pelos sensacionalismos midiáticos que propulsionam a mídia marrom a esta indústria conexa. Mas vou fechar o bico quanto a outras especulações e Pierre Bourdieuísmos que talvez não venham tanto a propósito aqui.

Em suma: não é só um filmaço, é uma obra-de-arte das mais magistrais do século 20, de tanta qualidade quanto um romance de Proust ou um álbum sessentista de Bob Dylan. Sunset Boulevard é um pouco como a lendária Salomé se fosse renascida em Hollywood, com pitadas de Cleópatra e algo de Elizabeth Taylor. No filme, uma apaixonada desiludida vê desmoronar seu castelo de cartas: o filme é sobre o colapso de uma fantasia subjetiva, mas descreve este procedimento de decadência e de insânia como parte de uma teia de relações bastante complexa, analisável inclusive pelo seu aspecto sociológico e político.

Norma Desmond, em seu momento de fúria, ao notar que sua Salomélica dança dos 7 véus não havia surtido o efeito desejado sobre o mundo, perde o controle e transforma-se em criminosa. Será que seu inconsciente lhe ditou que era melhor ser famigerada do que não ter nenhuma fama? Eis a condição humana, desde Homero descrita de modo pungente através dos inesquecíveis desvarios de Aquiles na Ilíada: nós humanos não queremos somente sobreviver, e não suportamos apenas viver, queremos mais do que isto: temos vontade de significar valer. 

Debaixo da luz cósmica de estrelas silentes e enigmáticas, banhados pelas emanações cósmicas da estrela solar, não suportamos bem as sombras, as catacumbas, os porões: no isolamento sofremos e murchamos. “Nenhum homem é uma ilha”, como lembra o lapidar verso de John Donne, e o ser humano que tentar ilhar-se irá certamente violentar sua própria natureza. Isolar-se em uma mansão repleta de espelhos, habitar ali em narcísica auto-celebração que não cessa, é a receita para a catástrofe – e uma que Norma Desmond continua a nos ensinar. Sunset Boulevard: tratado sobre a tragédia do narcisismo.

De todo modo, o filme parece animado pela presença deste afeto talvez universal e que faz com que todo ser humano possua a vontade de que o outro enxergue-o, reconheça-o, valorize-o. Somos universalmente desejosos de relações com o amplo domínio da alteridade, sem o qual nosso valor próprio naufraga aos nossos próprios olhos. Só sei o quanto valho a partir do outro, do ouro ou desdouro que o outro me conceda ou me retire. Sedentos por reconhecimento, às vezes marchamos às cegas, irracionais como somos tanto e tão frequentemente, apesar de termos nos auto-proclamado, narcisinhos que somos, como “homo sapiens” (“homens sábios”? Aonde encontrá-los?).

 O glamour é só uma nova embalagem para uma velha isca que mordemos e mordemos, como peixes pescados mil vezes e que jamais aprendem. Glamour: esta mercadoria oferecida em mil anzóis por publicitários e empresários, interesseiros e oportunistas, comerciantes e políticos, e que é um dos símbolos mais fortes do quanto o capitalismo colonizou nosso espaço íntimo, invadiu nossos sonhos, reinando até sobre nossas fantasias. É verdade que o desejo de fama já existia em sociedades pré-capitalistas – e que os gregos, como Jean-Pierre Vernant tão bem argumenta, já discutiam de modo intenso sobre a questão da bela morte, da reputação póstuma, do papel do artista como aquele que transmite à posteridade um retrato imorredouro daquilo que merece ser memória. Mas hoje o capitalismo reina também sobre nossos sonhos de fama e Norma Desmond – ultra-capitalista e mega-neurótica -mostra-nos um caso paradigmático do quanto temos tendência massiva a sermos Hollywoodianescos quando sonhamos com a glória.

Nosso imaginário também precisa ser revolucionado se quisermos cuspir fora das profundezas de nossa psique este vírus ideológico que é o individualismo narcísico competitivista que hoje passa por “natureza humana” no discurso do capitalismo liberal.

Vivendo em uma cultura capitalista que é competitiva até as raias da loucura, somos convidados a pensar a glória como algo acessível a uma pequena elite; mas, apesar dos reality shows e Big Brothers Televisivos, sabemos muito bem que não há democracia autêntica na vigência de uma meritocracia aristocrática. Será que não colheremos o conflito e a violência enquanto continuarmos pondo combustível na maquinaria deste ideário que conduz cada um a querer reinar e brilhar sozinho debaixo dos holofotes de uma glória exclusivista? Pois não há glória do eu que chegue aos pés da glória do commons. Mas ao commons estamos – Saramago ensina – cegos.

Norma Desmond, depois de muito caminhar pela avenida da fama, descobre fatalmente, ao entrar na rua do crepúsculo, que sua fantasia despedaçou-se ao contato com a realidade e sua vida transformou-se nas ruínas de um ídolo destroçado. Afinal de contas, ela tinha, como todos os ídolos, pés de barro.

Eduardo Carli de Moraes
29 de Maio de 2015
A Casa de Vidro.com

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Lars Von Trier: Gênio ou Fraude? (por Linda Badley)

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“Lars Von Trier – genius or fraud?” – asks a May 2009 Guardian Arts Diary poll. Its subject is arguably world cinema’s most confrontational and polarizing figure, and the results: 60.3% genius, 39,7% fraud.

Trier takes risks no other filmmaker would conceive of (…) and willfully devastates audiences. Scandinavia’s foremost auteur since Ingmar Bergman, the Danish director is “the unabashed prince of the European avant-garde” (IndieWIRE). Challenging conventional limitations and imposing his own rules (changing them with each film), he restlessly reinvents the language of cinema.

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Personally he is as challenging as his films. After having written some of the most compelling heroines in recent cinema and elicited stunning, career-topping performances from Emily Watson, Björk, Nicole Kidman, and Charlotte Gainsbourg (photo), he is reputed to be a misogynist who bullies actresses and abuses his female characters in cinematic reinstatements of depleted sexist clichés.

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Actress and singer Charlotte Gainsbourg, who acted in Lars Von Trier’s films “Antichrist” and “Nymphomaniac”

He is notorious at Cannes for his provocations and insults, as in 1991, when he thanked “the midget” (Jury President Roman Polanski) for awarding his film Europa third, rather than first, prize. Some years later, at Cannes, in a scene worthy of Michael Moore, he called U.S. President George W. Bush an “idiot” and an “asshole”, lending vituperation to the already divisive Manderlay (2005), his film about an Alabama plantation practising slavery into the 1930s…

Coming from a small country infiltrated by America’s media-driven cultural imperialism, he has found it not merely his right or duty to make films about the United States but impossible to do otherwise. Despite that, Von Trier is known for his celebrated refusal or inability (he has a fear of flying) to set foot in the United States…

A similar effrontery had provided the catalyst for Dogme 95, the Danish collective and global movement that took on Hollywood in the 1990s and continues to be well served by the punk impertinence of the Dogme logo: a large, staring eye that flickers from the rear end of a bulldog (or is it a pig?).

Dogme shows where the provocateur and auteur come together. Claiming a new democracy in which (in the manifesto’s words) “anybody can make films”, Trier and the Dogme “brothers” market out a space for independent filmmaking beyond the global mass entertainment industry. Although he rarely leaves Denmark, he has cultivated a European and uniquely global cinema. Making his first films in English, he quickly found a niche in the international festival circuit. He drew inspiration from a wide swath – from the genius of Andrei Tarkovsky to movements such as Italian neorealism and the international New Waves of the 1960s-1970s, to American auteurs Stanley Kubrick and David Lynch…

1867LARS CAIXA 3DTrier’s long-term affinity with German culture – from expressionism and New German cinema to the writings of Karl Marx, Franz Kafka, and Friedrich Nietzsche – extends to equal passions for Wagnerian opera and anti-Wagnerian (Brechtian) theater… In spite of his flaunted internationalism, Trier has become the standard-bearer for Nordic cinema. Like Bergman and Carl Th. Dreyer, whose visions transcended nationality, he has exploited Scandinavian “imaginary” – bleak landscapes, Lutheran austerity and self-denial, the explosive release of repressed emotions – to project it elsewhere. He has similarly appropriated the Northern European Kammerspiel (chamber play) that Henrik Ibsen and August Strindberg had condensed into a charged medium. 

Reincarnating Dreyer’s martyrs (The Passion of Joan of Arc, 1928; Ordet, 1955) and the anguished female performances of Bergman’s films for the present era, he has invented a form of psycho-drama that traumatizes audiences while challenging them to respond to cinema in new ways.

His interest in theater goes back to his youth, and his films are theatrical in several senses: stylized, emotionally intense, and provocative. His features have invoked 20th century theatrical initiatives clustered under the heading of the performative: especially Antonin Artaud’s Theatre of Cruelty, Allen Kaprow’s “happenings”, and Guy Debord’s situationism, which reformulated Marxist-Brechtian aesthetics for the age of the “spectacle” in which power, concentrated in the media image, turns individuals into passive consumers.  In 1952, Debord called for an art that would “create situations rather than reproduce already existing ones” and through the performance of “lived experience” disrupt an expose the spectacle. In 1996, Trier similarly explained his view of cinema-as-provocation: “A provocation’s purpose is to get people to think. If you subject people to a provocation, you allow them the possibility of their own interpretation” (Tranceformer). (…) The films bear witness, make proclamations, issue commands, pose questions, provoke responses… Thus his films have had an impact on their surrounding contexts, affecting audiences, producing controversies, and changing the aesthetic, cultural, and political climate of the late 1990s an the 2000s.” 


By Linda Badley.

“Making The Waves: Cinema As Performance”.

University of Illinois Press. 2010.

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DOWNLOAD  “Nymphomaniac I & II” (3.6 GB / 3.1 GB) [torrent inside the ZIP]

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Thomas Vinterberg is the co-creator, together with Lars Von Trier, of Dogme 95. Linda Badley remembers that Dogme 95  “required abstinence from Hollywood-style high tech cosmetics, calling for an oppositional movement with its own doctrine and ten-rule “Vow of Chastity”. Coming up with the infamous rules was “easy”, claims Vinterberg: “We asked ourselves what we most hated about film today, and then we drew up a list banning it all. The idea was to put a mirror in front of the movie industry and say we can do it another way as well.”

Post reblogado do Awestruck Wanderer