“Deus é um cara gozador, adora brincadeira
Pois pra me jogar no mundo, tinha o mundo inteiro
Mas achou muito engraçado me botar cabreiro
Na barriga da miséria, eu nasci brasileiro…”
Chico Buarque de Holanda
Ouça versão de Cássia Eller ao vivo:
“Deus é um cara gozador, adora brincadeira
Pois pra me jogar no mundo, tinha o mundo inteiro
Mas achou muito engraçado me botar cabreiro
Na barriga da miséria, eu nasci brasileiro…”
Chico Buarque de Holanda
Ouça versão de Cássia Eller ao vivo:
Compositor: Mauro Duarte E Paulo César Pinheiro
Ninguém ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil
Um lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou
Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
E de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
ô, ô, ô, ô, ô, ô
E ecoa noite e dia
É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
Esse canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor.
* * * * *
JOGO DE ANGOLA
No tempo em que o negro chegava fechado em gaiola,
Nasceu no Brasil, Quilombo e Quilombola.
E todo dia, negro fugia juntando a curriola.
De estalo de açoite, de ponta de faca e zunido de bala
Negro voltava pra Angola, no meio da senzala.
E ao som do tambor primitivo, berimbau, maraca e viola
Negro gritava: Abre ala! vai ter jogo de Angola
Perna de brigar, camará; Perna de brigar olê.
Ferro de furar, camará; Ferro de furar olê.
Arma de atirar camará; Arma de atirar olê olê
Dança Guerreira
Corpo do negro é de mola na capoeira
Negro embola e desembola
E a dança que era uma festa pro dono da terra
Virou a principal defesa do negro na guerra.
Pelo que se chamou libertação
E por toda força, coragem e rebeldia
Louvado será todo dia
que esse povo cantar e lembrar o jogo de Angola
da escravidão no Brasil
Perna de brigar, camará; Perna de brigar olê.
Ferro de furar, camará; Ferro de furar olê.
Arma de atirar camará; Arma de atirar olê olê!
Composição de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro.
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Ouça também:
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ELZA
A BANCA DO DISTINTO
de Billy Blanco
Não fala com pobre, não dá mão a preto, não carrega embrulho
Prá que tanta pose doutor?
Prá que esse orgulho?
A bruxa que é cega, esbarra na gente, a vida estanca
O infarto te pega doutor, acaba essa banca
A vaidade é assim, põe o tonto no alto, retira a escada
Fica por perto esperando sentada
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão
Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do tonto
Afinal, todo mundo é igual, quando o tombo termina
Com terra por cima e na horizontal
Não fala com pobre, não dá mão a preto, não carrega embrulho
Prá que tanta pose doutor?
Prá que esse orgulho?
A bruxa que é cega, esbarra na gente, a vida estanca
Trombose te pega doutor, acaba essa banca
A vaidade é assim, põe o tonto no alto retira a escada
Fica por perto esperando sentada
Cedo ou tarde ele acaba no chão
Mais alto o coqueiro maior é o tombo do coco afinal
Todo mundo é igual quando o tombo termina
Com terra por cima e na horizontal.
Ouça também:
HINO À IEMANJÁ:
“BELA, RECATADA E DO LAR?”
* * * * *
MEU RAP JAZZ de Tássia Reis
Eu fico sempre na moral
Mas sabe, más noticias abalam o meu astral
Eu tô legal, não tá ruim
Tô forte, tô viva tô bem longe do fim, acho né
Sempre levando uns toco, a vida dando uns soco
Há quem ache que é pouco mas não é
Mas nem ligo pros outro, quero chegar no topo
Loucura racha coco, sem ibope pra mané (hey)
Sem desperdiçar energia
Várias patifarias querendo me arrastar
Não dou ideia pra essas heresias
Sou de periferia tipo ruim de se enganar
Mas deixa os bicos zoar, ninguém vai assumir
Mas todos querem brilhar
Minha intuição quer cantar, tira um segundo pra ouvir
Que eu não costumo falhar
Ideia zoada nem consta, nem pago pra mostrar
Direto e na fuça e sem blá blá blá
Num flow que assusta, ie ie ie meu rapjazz
Sem mimimi, zumzumzum, zé fini aqui é clack bum
Menos enrolação e mais ação
Mais participação e mais ação
Menos falação e mais ação
Faladores falam muito, eu não
Não tenho tempo a perder, quero vencer por mim
E lutar por você
Se depender de mim, vou merecer
O respeito que aprendi que devo lutar pra ter
Isso me fez fortalecer, desenvolver
Se não fosse sagaz, tava em outro role
Pra você ver, pra você ver
Luz para o ser, que batalha, trabalha
E não falha no seu proceder
Deus sempre vê, quem é aliado e quem tá de papo furado
Querendo pagar de ser… aah
Deixa estar, deixa se crescer
O tempo é quem vai poder dizer
Não faço nada mais que respeitar meus pés
Eu vivo o meu rapjazz
Ideia zuada não consta, nem constará
Quem é é, quem não é nunca será
Conversa fiada não rola, nem rolará
Quem é é, quem não é nunca será…”
Na coletânea de música brasileira deste mês (ouça a de Janeiro!), propiciamos mais uma travessia sonora por algumas pérolas de nossa música popular. Tem excelentes cantoras homenageando grandes compositores (Cássia Eller canta Chico Buarque, Clara Nunes manda um Paulinho da Viola). Tem Jackson do Pandeiro hibridizando os gêneros musicais e tirando onda com o Tio Sam. Tem Dorival Caymmi, sincopado e dengoso, ritmando os encantos da nega baiana. Tem João Nogueira profetizando a vitória das forças da natureza sobre as ruínas da civilização. Relembro também uma canção épica de Paulo Vanzolini, cuja narrativa poética tem um certo sabor de Cabral de Melo Neto em Morte e Vida Severina, e um chamado à luta de Gonzaguinha (“Eu acredito é na rapaziada que segue em frente e segura o rojão / Eu ponho fé é na fé da moçada que não foge da fera, enfrenta o leão / Eu vou à luta com essa juventude que não corre da raia a troco de nada / Eu vou no bloco dessa mocidade que não tá na saudade e constrói a manhã desejada”).
Dentre os contemporâneos, compartilho o groove denso e ousado do Aláfia, que realizou em “Preto Cismado” um manifesto anti-racista que está entre as melhores músicas lançadas em 2015 e que afirma em seu memorável refrão: “Não posso acreditar num deus que feche com a segregação!” Dentre as instrumentais, destaco duas composições de Pixinguinha, em lépidas performances de Altamiro Carrilho & Carlos Poyares, e duas incursões de Quincy Jones num mélange de bossa nova com jazz ao estilo big band. Tem ainda o Geraldo Babão contando vantagem sobre sua viola (que é de madeira-de-lei, num é qualquer qualidade de pau!), além de uma panorâmica do duelo entre Wilson Batista e Noel Rosa, que trocaram rajadas de sambas como se estivessem numa briga de faroeste (destaco quatro destas canções, na interpretação de Jorge Veiga e Roberto Paiva, intercaladas como rajadas de balas). Subam o volume e apreciem sem moderação!
Carli, 08/02/16
Eis o cardápio:
01) Jackson do Pandeiro, “Chiclete com Banana”
02) Dorival Caymmi, “O Dengo Que A Nega Tem”
03) João Nogueira, “As Forças da Natureza”
04) Altamiro Carrilho & Carlos Poyares, “Recordações” e “A Vida é um Buraco” (de Pixinguinha)
05) Cássia Eller canta Chico Buarque, “Partido Alto” (Acústico MTV)
06) Aláfia, “Preto Cismado”
07) Gonzaguinha, “E Vamos à Luta”
08) Paulo Vanzolini, “Capoeira do Arnaldo”
09) Quincy Jones e a Bossa Nova, “Desafinado” e “Samba de uma Nota Só”
10) Clara Nunes canta Paulinho da Viola, “Coração Leviano”
11) Geraldo Babão, “Viola de Massaranduba”
12) Duelo Noel Rosa vs Wilson Batista:
P.S. – Nesta terça-feira de carnaval, 09/02, a partir das 17 horas, estarei discotecando estas e outras canções – só as brazuquices-brasa! – em um dos espaços culturais mais bacanas de Goiânia, a Evoé Café Com Livros (Rua 91, Setor Sul). O show ficará a cargo do quarteto Diabo à Quatro: excelentes instrumentistas que vão apresentar o melhor do choro e do samba em primorosas versões instrumentais. Bóra lá?
“Chorinho” (1942), de Candido Portinari (1903 – 1962)
A Casa de Vidro, na intenção de contribuir com a expansão do conhecimento e da experiência de todos a respeito da infinita riqueza da cultura musical brasileira, disponibiliza aqui um dos mais completos guias digitais de documentários musicais do Brasil. Mergulhe de cabeça, com as retinas bem abertas e o volume bem alto! Apreciem sem moderação!
CONTRIBUA! Sugira filmes que ainda não estão nesta lista através dos comentários ao fim da postagem ou via Facebook – a construção colaborativa é essencial para a expansão desta playlist só com a fina flor dos documentários sobre a música brasileira. Evoé!
Shortlink: http://bit.ly/1OWm31B – Compartilhar
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Tropicália (de Marcelo Machado, 2012)
DOWNLOAD TORRENT [1.56 gb]
Canções do Exílio: A Labareda que Lambeu Tudo (2011),
Diretor: Geneton Moraes Neto, Duração: 1h 31min
DOWNLOAD TORRENT (1.3 gb)
Humberto Teixeira: O Homem Que Engarrafava Nuvens (2008)
um filme de Lírio Ferreira
Nas Paredes da Pedra Encantada (2011, 1h57min)
A história por detrás do mítico álbum “Paêbirú” – Caminho da Montada do Sol, de Lula Côrtes e Zé Ramalho
Leia: Scream and Yell
Chico Science, Um Caranguejo Elétrico
A MPB nos Tempos da Ditadura
Chico Buarque – O País da Delicadeza Perdida (2003)
Itamar Assumpção – Daquele Instante em Diante
Elza Soares – O Gingado da Nega
Vinícius de Moraes – Centenário (Globo News)
Isto é Noel Rosa (de Rogério Sganzerla, 1990)
DOWNLOAD TORRENT
CARTOLA – MÚSICA PARA OS OLHOS (de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda)
DOWNLOAD TORRENT
PAULO VANZOLINI: UM HOMEM DE MORAL (2009, de Ricardo Dias)
DOWNLOAD TORRENT (VIA FÓRUM MAKING OFF)
BBC – Brasil Brasil, Episódio 01: DO SAMBA À BOSSA
BBC – Brasil Brasil, Episódio 02: REVOLUÇÃO TROPICÁLIA
BBC – Brasil Brasil, Episódio 03: UMA HISTÓRIA DE QUATRO CIDADES
A Música Segundo Tom Jobim
Tom Brasileiro (1987)
Clara Nunes – Band, 1973
LÓKI – ARNALDO BAPTISTA (de Paulo Henrique Fontenelle, 2009)
DOWNLOAD TORRENT
Candeia – 80 Anos
Eclats Noirs Du Samba (de Janine Houard, 1987)
Napalm – o Som da Cidade Industrial
Do Underground ao Emo
Saravah (1969, de Pierre Barouh)
Clube da Esquina – Sobre Amigos e Canções
História do Clube da Esquina – A MPB de Minas Gerais
Elis Regina – Por Toda A Minha Vida
Filhos de João – O Admirável Mundo Novo Baiano (2009)
Novos Baianos F. C. (1973)
Paulinho da Viola – Meu Mundo É Hoje (2003, de Izabel Jaguaribe)
Adoniran Barbosa – Por Toda a Minha Vida
Velha Guarda da Portela – O Mistério do Samba
Nelson Cavaquinho (de Leon Hirszman)
Partido Alto (de Leon Hirszman, com Candeia, Paulinho da Viola e outros)
Samba (2000, de de Theresa Jessouroun)
Bezerra da Silva: Onde a Coruja Dorme
A Sede do Peixe – Milton Nascimento e amigos
Uma Noite Em 67
Coração Vagabundo – Uma Viagem Com Caetano Veloso (2008)
de Fernando Grostein Andrade
DOWNLOAD TORRENT
Mosaicos – A Arte de Caetano Veloso
Lenine – Isto É Só O Começo
Alquimistas do Som
Os Doces Bárbaros (Gil, Caetano, Bethânia e Gal)
Cássia Eller (de Paulo Henrique Fontenelle)
O Som do Vinil – Tropicália
Fabricando Tom Zé (2007)
Jards Macalé – Um Morcego Na Porta Principal
Chico Science e o Movimento Manguebeat
Wilson Simonal – Ninguém Sabe o Duro Que Eu Dei
Raul Seixas – Por Toda a Minha Vida
Revista Bizz – Jornalismo, Causos e Rock’n’Roll
Titãs – A Vida Até Parece Uma Festa
Botinada – A História do Punk No Brasil (2006, de Gastão Moreira)
Guidable – A História dos Ratos de Porão
Ruído das Minas – Heavy Metal em Belo Horizonte
Tim Maia – Por Toda a Minha Vida
Siba – Nos Balés da Tormenta
Los Hermanos – Esse É Só O Começo Do Fim Da Nossa Vida
Sabotage – Nós
O Rap Pelo Rap
Psicodália – Consciência em Transe
Hang The Superstars – Causos do Rock Proibidão
Zimbo Trio – Jazz Brasileiro
Desagradável: Gangrena Gasosa
Nas Rodas do Choro
Apanhei-te Cavaquinho!
MÚSICA CLÁSSICA
Nelson Freire (de João Moreira Salles)
Heitor Villa-Lobos – O Índio de Casaca (1987)
História da Música Brasileira – Episódio 01 a 10
Ernesto Nazareth
A Maestrina Chiquinha Gonzaga – Série 500 anos de História do Brasil (1999)
Entrevista com o Maestro Julio Medaglia (Provocações)
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Documentário de Leon Hirszman
Duração: 22 min
Elenco: Candeia, Manacéia, Paulinho da Viola
Ano: 1982
Formato: 16mm
País: Brasil
Local de Produção: RJ
Cor: Colorido
Sinopse: Com raízes na batucada baiana, o partido alto sofre variações porque, ao contrário do samba comprometido com o espetáculo, é uma forma livre de expressão e comunicação imediata, com versos simples e improvisados, de acordo com a inspiração de cada um. Partido Alto é uma forma de comunhão, reunindo sambistas em qualquer lugar e hora pelo simples prazer de se divertir.
Revista de música
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Hora de volver a casa
Este blog publica reportagens produzidas por alunos de Jornalismo da Universidade Mackenzie para a disciplina "Jornalismo e a Política Internacional".
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